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Escrever para quê?

Ao longo dos tempos, vários são os testemunhos de escritores que partilham a sua relação com a escrita.

Jane Austen

Jane Austen costumava acordar mais cedo que todos e tocava piano. Às 9h organizava o pequeno-almoço da familia, que era a sua principal tarefa de casa, e depois sentava-se a escrever na sala de estar, às vezes com a mãe ou a irmã por perto. O jantar, que era a principal refeição do dia, servia-se entre as 15h e as 16h. Depois disso, conversava-se, jogava-se às cartas e bebia-se chá. A noite passava-se a ler romances em voz alta e nesta altura Austen lia os seus manuscritos à família.

Victor Hugo

Victor Hugo escrevia cada manhã, sentado numa mesa com um espelho à frente. Levantava-se de madrugada, acordado pelos disparos do campo militar que tinha perto, e eram-lhe entregues uma taça de café fresco e a carta da manhã de Juliette Drouet, a sua amante que vivia em Guernsey, novo números mais abaixo. Depois de ler as palavras de amor de “Juju” ao seu “amado Cristo”, Victor Hugo comia dois ovos duros, encerrava-se no seu reflexo e escrevia até às 11h.

Mark Twain

A sua rotina era simples: ia para o seu estudio de manhã depois de um rico pequeno-almoço e lá permanecia até às 17h. Como não almoçava e a sua familia não se arriscava a ir ao estudio – costumavam tocar uma gaita se precisassem de alguma coisa – podia trabalhar horas seguidas sem parar. “Nos dias de calor abro as janelas do estudio, seguro os meus papeis com tijolos e escrevo no meio do vendaval, vestido com o mesmo linho com que fazemos as camisas.”

Stephen King

Stephen King escreve todos os dias do ano, incluindo no seu aniversario e nos feriados, nunca abandonando a tarefa até ter atingido a su cota minima de duas mil palavras. Trabalha de manhã, começando por volta das 8h-8h30. Por vezes acaba por volta das 11h30, no entanto o mais normal é que esteja até às 13h30 para conseguir chegar ao seu objectivo. Depois disso, fica com a tarde livre para descansar, ler, estar com a familia e ver baseball.

Franz Kafka

Kafka vivía com a familia num pequeno apartamento onde só se podía concentrar para escrever à noite, quando toda a gente dormia. Tal como escreveu a Felice Bauer em 1912, “tenho pouco tempo, as minhas forças são limitadas, o escritório é horrível, o apartamento é ruidoso, e se não é possível viver de um modo agradável e sem complicações então devo tentar fazê-lo recorrendo a subtis manobras”. Nessa mesma carta, Kafka continua, descrevendo o seu horário: “… às 22h30 (e às vezes 23h30) sento-me a escrever, e continuo, dependendo das minhas forças, motivação e sorte, até à 1h, 2h ou 3h, uma vez até às 6 da manhã.”

Disponível em https://www.bubok.pt/blog/rotinas-de-escrita/ 


Margarida Fonseca Santos fala-nos de uma paixão encontrada que deseja transmitir e multiplicar.

“A minha vida mudou quando decidi dedicar-me à paixão que é escrever. Comecei pela literatura infantil, depois segui para a juvenil, mas nunca deixei de escrever para adultos. Ensinar a escrita e contar as minhas histórias são as duas outras paixões... Os contos sempre fizeram parte de mim; sempre gostei de ouvir contar e de inventar histórias. Comecei a escrevê-las tarde, sim, mas agora acho que nunca mais vou parar!...” 

No seu livro "Razões para escrever", editado pela "Nós na Linha", a autora concebe um manual de instruções para aprender a escrever melhor. 

Na sinopse, pode ler-se que não se trata de um guia para fazer escritores. Ao invés, "a obra partilha o processo, as ideias e as justificações que levam a autora a acreditar nos desafios de escrita como metodologia útil à redação mais apurada, à leitura mais competente, ao estímulo à criatividade e ao desbloqueio de emoções. Contém, por inerência, desafios de escrita para quem gosta de escrever e para quem quer desafiar outros a escrever. São explicados os objetivos a atingir, como são criados os desafios e porquê e como surgem os resultados, recolhidos no blogue HISTÓRIAS EM 77 PALAVRAS


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