O Dia Mundial do Livro é
comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, data escolhida
com base na tradição catalã, segundo a qual os cavaleiros oferecem às suas
damas uma rosa vermelha no dia de S. Jorge, recebendo um livro em
troca .
Em 2022, a ilustradora Susa Monteiro − Menção
Especial do Prémio Nacional de Ilustração em 2019 com o livro "Sonho",
editado pela Pato Lógico − concebeu a imagem do cartaz.
Porquê uma árvore de fruto associada à
leitura?
Existe uma lenda grega segundo a qual as
ninfas cultivavam laranjas no Jardim das Hespérides e aqueles que provassem os
seus gomos de ouro tornavam-se imortais. Ora, o livro tem esse poder: torna
imortais os leitores que guardam as palavras, tecendo caminhos individuais
diferenciados, e, por outro lado, oferece o estatuto perene aos
escritores geniais.
O Doutor João Costa, Ministro da Educação,
testemunhou este dia em viva palavra nos meios digitais do Plano Nacional de Leitura. No
seu depoimento, exalta a leitura como um ato de liberdade e o livro como meio para
as múltiplas viagens que nos tornam “verdadeiramente humanos”.
Cada livro lido renova, em suma, a humanidade, depois de, serena ou avidamente, abrir as suas folhas e beber as suas palavras. Neste ato de descoberta, a partir da condição de si mesmo, e em confronto com o lido, opera-se uma qualquer metamorfose. Da leitura de um livro extraímos sempre transformação, ainda que na nossa inexorável condição humana e mortal.
O poeta espanhol Miguel de Unamuno exprime-o assim, em verso:
Leer, leer, leer, vivir la vida
que otros soñaron.
Leer, leer, leer, el alma olvida
las cosas que pasaron.
Se quedan las que quedan, las ficciones,
las flores de la pluma,
las solas, las humanas creaciones,
el poso de la espuma.
Leer, leer, leer; ¿seré lectura
mañana también yo?
¿Seré mi creador, mi criatura,
seré lo que pasó?
(Cancionero, 12 de julio, 1929)
Leitora: Matilde Simões, 8ºB, Agrupamento de Escolas de CDX.