A quinta-feira da Ascensão, também denominada “Dia da
Espiga”, ocorre anualmente quarenta dias depois da Páscoa e é sempre a uma
quinta-feira. É feriado municipal em várias cidades do país, tendo, até 1952, integrado o calendário dos feriado nacionais.
Nesta data, os nossos avós davam um passeio pelos
campos e que apanhavam a espiga, isto é, colhiam um conjunto de elementos do
que dava os campos e com eles formavam um ramo com espigas de trigo/centeio/cevada,
raminhos de oliveira, malmequeres, papoilas, aveia, margaridas ou outras flores
campestres, uma ponta de videira e alecrim. Acreditava-se que guardar esse ramo
atrás da porta de casa traria a fartura para todo o ano. Ao ramo, associava-se
um pão, a guardar com o ramo de um ano para o outro, e este conservava-se…
Dizia-se, nesta linha de pensamento miraculoso:
"Se os passarinhos soubessem
Quando era a Ascenção
Não comiam, nem bebiam
Nem punham os pés no chão."
Este costume tem origem em costumes pagãos, com a
benção dos primeiros frutos, mas a igreja quis ocultar esse significado agregando
a estas práticas à Ascensão do Senhor. Por ter ligação com a Natureza, pensa-se
que vem das antigas tradições pagãs associadas às festas das deusas Ceres e
Maia, que, na Roma Antiga, estavam ligadas à agricultura e à fertilidade.
Acreditavam os antigos: a espiga de trigo significa que haja pão, ou seja que nunca falte a comida, que haja abundância em cada lar; o ramo de oliveira significa a paz (a pomba da paz traz no bico um ramo de oliveira) e a luz (alumiavam-se com lamparinas de azeite); o malmequer significa ouro e prata e a papoila amor; as flores a cor e a diversidade; a videira o vinho e a alegria; o alecrim a saúde e a força.
A tradição relembra-nos que é momento de convívio e piqueniques no meio da Natureza. Se puder, faça um em família, salvaguardando o isolamento social!