Alexandre O' Neill viveu entre 1924 e 1986. Descendente
de irlandeses e empregado bancário de profissão, foi um autodidata.
Sendo um dos fundadores do movimento surrealista
português, o poeta deu sempre asas à sua criatividade individual, transgredindo as regras
comuns da poesia. Contudo, não deixou de estar atento e de fixar o olhar no
quotidiano, à procura dos seus "pequenos absurdos".
O' Neill viveu o tempo da ditadura e foi várias vezes
preso, confrontado com a polícia política. Em 1953, esteve preso no Estabelecimento Prisional de Caxias, por ter ido esperar Maria Lamas,
regressada do Congresso Mundial da Paz em Viena. A partir desta data, passou a
ser vigiado pela PIDE. No entanto, nunca militou em
nenhum partido político, nem durante o Estado Novo, nem a seguir ao 25 de Abril. Foi verdadeiramente um homem de livre pensamento.
Nos seus versos, encontramos a ironia, a malícia, a provocação,
mas também a ternura e o pudor, num jogo de palavras que o singulariza como poeta.
Carla Fernandes, professora bibliotecária do
Agrupamento, lembra alguns dos seus versos.