Partilhamos um excerto do capítulo 2, "O Ickabod":
A lenda do Ickabog tem sido transmitida por gerações de brejeiros e espalhada de boca a boca até chegar a Profiterólia. Hoje em dia, todo mundo conhece a história. Naturalmente, ela mudava um pouco dependendo de quem a contava, como acontece com todas as lendas. Apesar disso, todas as histórias concordavam que um monstro vivia bem na pontinha mais ao norte do país, em um largo pedaço de pântano escuro e normalmente nevoento, perigoso demais para um ser humano entrar. Diziam que o monstro comia crianças e ovelhas. Às vezes ele até pegava homens e mulheres adultos que vagavam perto demais do pântano à noite.
Os hábitos e a aparência do Ickabog mudavam, dependendo de quem o descrevia. Alguns diziam que era parecido com uma cobra, outros com um dragão ou com um lobo. Alguns diziam que ele rugia, outros diziam que soltava silvos e uns diziam ainda que ele flutuava, silencioso como a neblina que se espalhava de repente sobre o pântano.
Diziam que o Ickabog tinha poderes extraordinários. Podia imitar a voz humana para seduzir os viajantes e pegá-los com suas garras. Se você tentasse matar o Ickabog, ele se curava num passe de mágica, ou se dividia em dez Ickabogs; ele sabia voar, cuspir fogo, disparar veneno — os poderes do Ickabog eram tão grandes quanto a imaginação do contador da história.