Avançar para o conteúdo principal

A abelha - um ser mínimo com uma ação de gigante

A propósito do Dia Mundial das Abelhas, a professora Maria de Deus enviou-nos um texto que fez para os seus alunos.

A vida das abelhas é crucial para o planeta e para o equilíbrio dos ecossistemas, já que, na busca do pólen, que é a sua refeição, estes insetos polinizam frutas, legumes e grãos. A polinização é indispensável à vida. A sensibilização dos mais novos para a proteção das abelhas é essencial para assegurarmos perpetuação a deste processo. Ao instituir este Dia Mundial, a ONU quis valorizar o papel destes insetos e outros polinizadores na formação do mundo tal como o conhecemos.



        Aconteceu e uma abelha sobreviveu


Em vésperas do Dia Mundial das Abelhas, dia 20 de maio, eis que surge uma pequena abelha dentro de minha casa.

Estava eu a trabalhar e a minha filha chama:

- Mãe, vem cá! Temos aqui uma visitante.

Nem me deu tempo de levantar da cadeira... A Filipa apareceu com uma folha de cartão e exclamou:

- Abre a janela, mãe! Tenho aqui uma abelha que entrou no meu quarto.

Nem queria acreditar!… A minha filhota, sempre tão receosa com os bichos rastejantes e alguns insetos (não sai nada à mãe nem ao pai), ali, com um ser tão pequenino e inofensivo que parecia já não ter vida, mas num ato altruísta que muito me encantou...

Abri a janela. O cartão que servia de meio de transporte para a pobre abelha foi colocado numa cadeira ao sol. 

Fiquei a observar, sim, tenho destas coisas. Ponho-me a observar coisas que a maioria das pessoas não liga, mas que para mim são tão apaziguadoras. Transportam-me para um mundo tranquilo, sereno, onde estou eu e eles, eles e eu. E gosto. Faz-me bem.

 Continuei a observá-la e pensei para comigo: “Pobre abelha, estás mesmo mal!… Nem te mexes...”

Decidi então ir buscar a minha câmara, como tantas vezes faço, para gravar o momento. 

Cheguei junto da abelhinha e, de repente, levantou as patitas, conversou um pouco comigo e voou. 

Penso que esperou por mim para agradecer. Voou com a ajuda das suas asas que antes me pareciam já não ser úteis, de tão coladas ao seu singelo corpo aveludado. 

E eu? Eu fiquei feliz. 

A Filipa venceu uma “batalha”. Parece começar a perder o medo das abelhas.

A abelha voou para junto das suas irmãs e pode continuar a desempenhar o seu papel tão importante na natureza: a  polinização que sustenta os seres vivos.


"Se as abelhas desaparecessem da face do globo, então o homem teria somente quatro anos de vida restantes.

Sem abelhas, não há polinização, não há plantas, não há animais, e não há homens.” - Albert Einstein 


Maria de Deus Zeferino - EB nº1 de Condeixa-a-Nova


Ouça o poema "A Abelha", da autoria de Eduardo Valente da Fonseca, lido pela professora.

Mensagens Populares

"Sexta-feira ou a Vida Selvagem", de Michel Tournier | online

Conhece a obra de Michel Tournier sobre a história de um náufrago? Editada em 1971, esta é uma narrativa que surge da adaptação para os mais jovens do livro "Sexta-feira ou os limbos do pacífico" (Vendredi ou les Limbes du Pacifique), do mesmo autor. Relata a história  de Robinson, um homem que, em meados do século XVIII, dirigindo-se ao continente americano para efetuar  trocas comercias entre o seu país e o Chile , sofreu um terrível naufrágio, ficando a viver numa ilha desabitada. Já no século XVIII se havia escrito sobre a história de Robinson Crusoe, num romance da autoria de Daniel Defoe, publicado em 1719, no Reino Unido. Na verdade,  foi originalmente expedido em forma de folhetim, por episódios, no jornal The Daily Post . "Robinson não poderá nunca voltar ao mundo que deixou. Então, palmo a palmo, edifica o seu pequeno reino. Tem uma casa, fortalezas para se defender e um criado, Sexta-Feira, que lhe é dedicado de alma e coração. Tem mesmo um cão, que envelhece

Quinta- feira da ascensão, uma tradição recordada

A quinta-feira da Ascensão, também denominada “Dia da Espiga”, ocorre anualmente quarenta dias depois da Páscoa e é sempre a uma quinta-feira. É feriado municipal em várias cidades do país, tendo, até 1952, integrado o calendário dos feriado nacionais. Nesta data, os nossos avós davam um passeio pelos campos e que apanhavam a espiga, isto é, colhiam um conjunto de elementos do que dava os campos e com eles formavam um ramo com espigas de trigo/centeio/cevada, raminhos de oliveira, malmequeres, papoilas, aveia, margaridas ou outras flores campestres, uma ponta de videira e alecrim. Acreditava-se que guardar esse ramo atrás da porta de casa traria a fartura para todo o ano. Ao ramo, associava-se um pão, a guardar com o ramo de um ano para o outro, e este conservava-se… Dizia-se, nesta linha de pensamento miraculoso: "Se os passarinhos soubessem  Quando era a Ascenção Não comiam, nem bebiam Nem punham os pés no chão." Este costume tem origem em costumes pagãos, com a benção do

25 de abril - celebrar com poesia

Alexandre O' Neill viveu entre 1924 e 1986. Descendente de irlandeses e empregado bancário de profissão, foi um autodidata. Sendo um dos fundadores do movimento surrealista português, o poeta deu sempre asas à sua criatividade individual, transgredindo as regras comuns da poesia. Contudo, não deixou de estar atento e de fixar o olhar no quotidiano, à procura dos seus "pequenos absurdos". O' Neill viveu o tempo da ditadura e foi várias vezes preso, confrontado com a polícia política. Em 1953, esteve preso no Estabelecimento Prisional de Caxias, por ter ido esperar Maria Lamas, regressada do Congresso Mundial da Paz em Viena. A partir desta data, passou a ser vigiado pela PIDE. No entanto, nunca militou em nenhum partido político, nem durante o Estado Novo, nem a seguir ao 25 de Abril. Foi verdadeiramente um homem de livre pensamento. Nos seus versos, encontramos a ironia, a malícia, a provocação, mas também a ternura e o pudor, num jogo de palavras que o singul